A compra de um imóvel, seja para morar ou investir, é uma grande decisão e requer planejamento, análise de uma série de detalhes, além de estudar o mercado. Com as dúvidas e incertezas da nossa economia, inflação em alta e a constate elevação da Selic, vale a pena financiar um imóvel em 2022?
Os últimos dois anos, 2020 e 2021, o mercado imobiliário apresentou taxas de juros bem atrativas para comprar a casa própria através do financiamento imobiliário, pois além da TR, zerada desde 2007, a Selic, taxa básica de juros da economia, chegou ao menor patamar histórico quando atingiu 2% ao ano.
Porém, já no ano passado, o Banco Central, para controlar a inflação, deu início à série de altas da Selic. Na última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central voltou a elevar a taxa básica de juros (Selic), passando de 12,75% para 13,25% ao ano. Essa foi a 11ª alta consecutiva, e há sinalizações de que outro aumento deve ocorrer em agosto.
A elevação de 0,5% da taxa básica de juros (Selic) deixou o cenário ainda mais desafiador para aqueles que pretendem comprar imóvel residencial através do financiamento imobiliário.
Fonte: Freepik
E você deve estar se perguntando se vale a pena financiar um imóvel em 2.022 com o aumento nas taxas de juros?
Sim, ainda vale a pena financiar um imóvel, pois investir em imóvel significa segurança, patrimônio e a tão sonhada moradia! O déficit habitacional é muito grande no país. As pessoas sonham com a casa própria. Tem aqueles que vão se casar e vão sair da casa dos pais e buscam o seu próprio lar. Tem o casal que se separa e uma das partes precisa de um novo lugar para morar e tem aqueles que a família vai aumentar com a chegada de uma criança e muitas vezes precisam de uma casa maior.
O mercado imobiliário se mantém como um dos protagonistas no processo de recuperação da economia brasileira. "O brasileiro vê a compra do imóvel como uma forma de proteger parte do patrimônio da alta inflacionária, assim como obter ganhos reais no longo prazo”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Luiz França. Que também ressalta que os empreendimentos atraem cada vez mais compradores e investidores, que veem maior vantagem nesses investimentos em relação às aplicações financeiras tradicionais, conforme aponta pesquisa recente de Intenção de Compra onde indica que 34% dos entrevistados têm a intenção de comprar imóveis nos próximos 12 meses.
Claro que neste momento, os juros não estão tão atrativos como os praticados em 2020, quando a Selic estava 2%, menor patamar da história e a TR estava zerada, mas a tendência é que o crédito fique ainda mais caro, então, se você possui uma opotunidade para comprar imóvel para que esperar e correr o risco de pegar mais?!
É importante lembrar que o crédito imobiliário é proveniente do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), ou seja, a captação do recurso pelos bancos é por meio da caderneta de poupança, o que proporciona a eles a possibilidade de financiar com crédito barato. Mesmo com a Selic em alta, as instituições bancárias chegaram a baixar as taxas de juros para deixar o financiamento imobiliário mais atraente. Hoje, está cerca de 8% a 9%. Acesse aqui e confira: Qual é o melhor banco para financiar imóvel.
Atualmente, as instituições financeiras disponibilizam diversas linhas de crédito com taxas de juros e condições de pagamentos diferenciados. Portanto, veja qual é o melhor índice que se enquadra nas suas condições financeiras.
De acordo com a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), os financiamentos imobiliários com recursos das cadernetas do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) atingiram R$ 17,0 bilhões em maio de 2022, melhor resultado do ano e segundo melhor para um mês de maio na série histórica. O montante superou em 49,2% o do mês anterior, mas, na comparação com maio do ano passado, houve queda de 2,5%.
Nos primeiros cinco meses de 2022, o montante financiado somou R$ 69,65 bilhões, queda de 10% em relação ao mesmo período do ano passado.
Já nos doze meses encerrados em maio, o montante financiado acumulou R$ 197,68 bilhões, alta de 18,2% em relação ao período precedente.
O impacto da alta da Selic é que ela pode encarecer o crédito imobiliário, pois as parcelas ficaram mais caras e o montante final também ficará maior. Além desse impacto, com o aumento dos juros, a tendência é diminuir o consumo, aumentar o desemprego e as dívidas.
O financiamento imobiliário com correção pelo rendimento da Poupança é mais uma linha de crédito que a Caixa, Itaú e Bradesco oferecem para o Crédito Imobiliário. Essa linha acompanha a Selic, ou seja, nessa modalidade os juros são compostos por uma parte fixa, mais uma parte variável, atrelada com o rendimento da poupança.
Na Caixa Econômica, por exemplo, a taxa de juros calculados são apurados somando a taxa fixa a partir de 2,80 a.a.' efetiva mais a taxa variável em função do rendimento da poupança, vigente a cada vencimento da prestação, atualmente de 6.17%a.a.
No Bradesco, a taxa de juros calculados também é a partir de 2,99 a.a.' efetiva mais a taxa variável em função do rendimento da poupança, atualmente de 6.17%a.a.
De acordo com especialistas, a tendência é os imóveis ficarem mais caros devido ao maior custo para as construtoras e incorporadoras produzirem com o alto custo das matérias-primas. Portanto, se você possui uma oportunidade de comprar imóvel, aproveite o momento, mesmo que as condições das taxas de juros não são as de dois anos atrás.
E como já mencionamos no texto acima, investir no mercado imobiliário é sinônimo de segurança, valorização e um bom negócio, mas cuidado com a escolha da linha dos financiamentos e taxas de juros. Por isso, é muito importante realizar simulações do financiamento imobiliário nos sites dos principais bancos, assim é possível ver quais instituições oferecem as melhores taxas do crédito imobiliário de acordo com o seu perfil.
Nessas simulações é possível ter uma previsão das taxas de juros, seguros, amortização e dos valores das parcelas mensalmente. Uma taxa de juros mais alta será o suficiente para aumentar o valor da prestação e consequentemente o montante final que você terá de pagar.
O nível de relacionamento do cliente com o banco interferirá na cota e taxa de juros da contratação do crédito imobiliário. Ou seja, é importante consultar mais de uma instituição bancária e avaliar as melhores alternativas de financiamento.
E para ajudá-los a entender melhor que ainda vale a pena financiar imóvel, o Blog do SP Imóvel realizou algumas simulações de financiamento usando a TR, IPCA e a Poupança, nos Sistemas de Amortização SAC.
A simulação do financiamento imobiliário com rendimento da poupança foi realizada nos sites da Caixa Econômica Federal, Banco Itaú e Bradesco, pois são os únicos que até o momento, permitem realizar a simulação do crédito com a correção pela poupança. E foi feita com dados de uma pessoa com mais de 40 anos, financiando um imóvel USADO no valor total de R$ 400.000,00, dando de entrada R$ 80.000 e o restante R$ 320.000,00 será financiado no prazo de 360 meses (30 anos) com Sistema de Amortização SAC.
Compra de Imóvel Usado em São Paulo de R$ 400 mil Entrada de R$ 80 mil (20%) Financiado por 360 meses (30 anos) Sistema de Amortização: SAC Correção anual pela TR (Tabela Referencial) |
|||||
Bancos | Taxa de Juros Efetiva a.a. |
CET Custo Efetivo Total a.a. |
1ª Parcela | Última Parcela |
Total do Financ. |
Bradesco - TR + Taxa Fixa |
9,90% | 11,29% | R$ 3.602.05 |
R$ 920,51 | R$ 857.338,75 |
Bradesco Poupança + Taxa Fixa |
9,16% | 10,56% |
R$ |
R$ 920,00 | R$ 824.571,47 |
Itaú - TR + Taxa Fixa |
9,99% | 11,37% | R$ 3.620,13 |
R$ 920,97 | R$ 866.804,95 |
Itaú Poupança + Taxa Fixa |
10,12% | 11,49% | R$ 3.651,88 |
R$ 921,05 | R$ 872.535,91 |
Caixa - TR + Taxa Fixa |
8,70% | 10,14% | R$ 3.277,32 |
R$ 920,08 | R$ 808.591,30 |
Caixa - Poupança + Taxa Fixa |
9,17% | 10,97% | R$ 3.393,21 |
R$ 920,40 | R$ 829.510,02 |
Caixa - IPCA + Taxa Fixa |
3,95% | 5,51% | R$ 2.079,12 |
R$ 916,75 | R$ 592.424,77 |
Caixa - Taxa de Juros Fixa |
9,75% | 11,197% | R$ 3.398,52 |
R$ 885,53 |
R$ 822.316,70 |
Simulações realizadas em 10/05/2022 |
Observação 1: A simulação acima não possui a composição de renda e não estão inclusas despesas com documentação, como, por exemplo, o ITBI.
Outro detalhe muito importante para ressaltar é que o consumidor que acha que as taxas de juros hoje estão altas e futuramente encontre um banco com taxas menores não impede de fazer a portabilidade do crédito imobiliário. Essa é uma alternativa interessante para diminuir o seu saldo devedor já as taxas de juros do financiamento imobiliário variam muito de um banco para outro. E você pode mudar de instituição financeira para reduzir essa dívida, conforme RESOLUÇÃO nº 4.292 do Banco Central do Brasil (Dezembro de 2013).
"O objetivo é dar à pessoa que fez um financiamento imobiliário a chance de reduzir sua dívida, procurando melhores taxas de juros e/ou redução das taxas de administração em outros bancos", explica Fabricio Sicchierolli Posocco, advogado especialista em direito imobiliário.
Portanto, se você, entrar em um financiamento hoje com taxa de juros a partir de 9,90% a.a. e daqui alguns anos, as taxas de juros apresentarem redução, como aconteceu nos anos de 2.020 e 2.021, você poderá optar pela Portabilidade do Financiamento Imobiliário, assim, poderá reduzir as taxas de juros do financiamento imobiliário.
Mas vale lembrar, que a pessoa que decidir fazer a portabilidade do financiamento imobiliário terá que colocar tudo na ponta do lápis e verificar se a nova oferta vai valer a pena, pois a grande vantagem da portabilidade é a redução dos custos e só vai compensar trocar de banco se no final você gastar menos.