Na semana passada, postamos um texto em que ponderávamos que nem sempre uma grande mudança em uma região, necessariamente, leva a um boom imobiliário e citamos alguns exemplos (
leia aqui). Este texto que postamos nesta semana não é uma contraposição, mas serve para mostrar que não existem verdades absolutas no setor. Ou seja, pode haver, sim, valorização, como é possível criar um verdadeiro "mico" imobiliário.
No texto anterior começamos com um exemplo da
zona leste e neste vamos analisar dois grandes pontos também na zona leste para provar que, como naquele filme Campo dos Sonhos, "se construir, eles vêm".
Entre o final dos anos 1970 e começo dos 1980 existiam duas grandes áreas que praticamente ninguém daria qualquer centavo por elas. A primeira era um descampado que servia de lixão para os moradores de bairros vizinhos. A segunda era cercada por uma espécie de pântano, separada por um riacho de locais onde, aí sim, havia possibilidade de crescimento.
A primeira era localizada em um triângulo entre os bairros residenciais, quase dormitórios,
Vila Formosa,
Água Rasa e
Tatuapé. A única coisa que se via de construção era um prédio que já havia sediado um orfanato e um cassino (dizem). Os ônibus passavam ao lado, mas os passageiros só se viam mato e terreno vazio. Bem, esse espaço, hoje, se chama
Jardim Anália Franco.
A segunda área estava além do rio, às crianças gostavam de brincar lá porque se formavam pequenos lagos de chuva de cor marrom e que deixavam nossos pés presos no barro do fundo (sim, este jornalista nadou lá). Era muito mato, quase uma floresta, que separava o que ia além do rio. Não havia passagem para o bairro seguinte. Aliás, não havia nada ao lado do que hoje é conhecido como
Jardim Aricanduva.
Aquela área grande no Jardim Anália Franco, hoje, é um dos metros quadrados mais valorizado da cidade e o que era o orfanato virou uma universidade. Esse pedaço viu a inauguração de um grande hipermercado, um shopping de alto padrão, dois hospitais, hotel, e breve terá uma loja de uma grande rede de bricolagem, sem contar, claro, com todos os prédios residenciais de altíssimo padrão. Sem contar com o antigo Ceret, que foi o grande propulsor da região. O mercado criou a oferta do Jardim Anália Franco, mas a demanda fez dele um sucesso.
Já, os moradores da vizinhança do Jardim Aricanduva viram surgir uma shopping de varejo, um de automóveis, um de decoração, três hipermercados, duas grandes redes de material de construção, uma faculdade, fora um espaço muitas vezes usado por circos e parques de diversão. Essa área é conhecida como o maior centro comercial da América Latina. Mas, diferentemente do Anália Franco, mesmo com o lançamento de diversos empreendimentos residenciais, o bairro ainda não se tornou uma realidade valorizada pelo mercado. Há potencial, mas ainda há problemas que precisam ser resolvidos, como a questão das enchentes (fruto do passado de pântano).
Enfim, exemplos como esses dois não faltam no mercado, como os negativos apontados na semana passada. O mercado é feito de oportunidades. Se não estão a mão, os empreendedores tratam de criar, inventar, despertar o desejo de quem vai comprar. Se vai dar certo, só o tempo sabe dizer.
Em todas as regiões de São Paulo existem inúmeros casos positivos e negativos. Aliás, grandes bairros da cidade foram criados assim: primeiro, a intenção, seguida do desejo, da compra, do crescimento e, por fim, do sucesso e da valorização. Ainda bem que isso existe, pois só assim o setor tem força para entender que é cíclico. Hoje pode não estar bem, mas em breve se reergue e cresce. E a cidade cresce!
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